Descrição
O filme aborda a temática ambiental de uma forma incomum: distante do usual tom de denúncia ou da descrição isolada da flora e fauna ou das práticas e saberes de populações tradicionais, a narrativa está centrada no contato entre franceses e africanos, na transposição de tecnologias de exploração dos recursos naturais e na busca de uma relação ética na realização de tal tarefa. O documentário retrata a experiência da transposição de uma técnica tradicional, realizada
por produtores de sal da região da Bretanha, na França, para os produtores de sal do Benin. Os houla utilizam a técnica de filtrar e ferver a água das lagunas, o que utiliza grande parte da madeira disponível em suas florestas, causando ainda o empobrecimento de suas lagunas, importantes para a reprodução de peixes e outros animais marinhos. Já os franceses passam boa parte do filme tentando convencer os africanos de que é possível fazer como eles, extrair o sal com a ajuda "do sol e do vento" nas salinas.A busca de uma ética comum de uso dos recursos naturais por franceses e africanos, no filme, passa pela descoberta das particulares das próprias concepções de ambos sobre ambientes que inicialmente se diziam semelhantes (ambientes úmidos nas margens do oceano Atlântico) e que se apresentam cada vez mais ricos à medida que os conhecimentos são revelados pela dimensão técnico-cultural dos ambientes socialmente construídos enquanto territórios. (Trechos da resenha de Rafael Victorino Devos, Revista Horizontes Antropológicos)